Simples homenagem ao Amigo e Comprovinciano Miguel Torga, (Natal 2007):
«Era uma vez, lá na Judeia, um rei,
Feio bicho, de resto:
Uma cara de burro sem cabresto
E duas grandes tranças.
A gente olhava, reparava e via
Que naquela figura não havia
Olhos de quem gosta de crianças.
E, na verdade, assim acontecia,
Porque um dia
O malvado
Só por ter o poder de quem é rei
Por não ter coração,
Sem mais nem menos,
Mandou matar quantos eram pequenos
Nas cidades e aldeias da Nação.
Mas
Por acaso ou milagre, aconteceu
Que, num burrinho,pela areia fora,
Fugiu
Daquelas mãos de sangue um pequenino.
Que o vivo sol da vida acarinhou
E bastou
Esse palmo de sonho
Para encher este mundo de alegria;
Para crescer, ser Deus;
E meter no inferno o tal das tranças,
Só porque ele não gostava de crianças.
Coimbra, 12 de Outubro de 1937
Miguel Torga (Diário-Poesias)
Artur M. Couto
Os dicionários da Língua Portuguesa e os das outras Línguas - referem o natal como o dia do nascimento. Por conseguinte, todos os seres humanos têm um dia de natal e celebram o seu dia de natal, com mais festa ou menos festa. E esse natal deu-se, em princípio, como fruto de amor no seio de uma família, independentemente da forma como ela foi constituída.
De um modo geral, tratando-se de festa particular, é mais comum referir-se o dia do aniversário e a festa de anos de nascimento.
Houve um Natal (nascimento de uma criança consagrada por razões que uns aceitam pacificamente, que outros põem em causa, mas que é incontestável, por crentes e não crentes:
Nasceu e existiu um menino a quem deram o nome de Jesus, como lhe poderiam ter chamado Vítor, Cristiano, Luís.
Nenhum historiador sério pode negar a existência do Menino e do Homem que não têm nada a ver com outras tradições e outras culturas.
Neste momento, não vamos discutir nem pôr o problema da divindade. Mas foi à volta dela
que a grande Festa do Natal e toda a movimentação das famílias se começou a dar de há séculos aos nossos dias.
Haverá alguém que não participe neste grande encontro das Famílias, sejam elas ricas ou pobres e daqueles que já partiram e por cá deixaram o fruto do seu amor e hoje os recordam com saudade e emoção? Só por isto, já merecia ter nascido o " Mennino" que« foi perseguido
pelo tal diabo com tranças e que não gostava de crianças=Herodes» (Ver poema de Miguel Torga).
Aqui fica a nossa homenagem a todas as Famílias, a todas as crianças e, em particular, àquela a quem deram o nome de Jesus..
A M C
Foi este o título que dei a um trabalho que fiz durante as férias, no mês de Agosto 2006.
Aconselho todos os que lerem esta notícia a fazerem o mesmo e a utilizar o mesmo método.
- Primeiro, precisamos de uma máquina fotográfica digital e de ter vontade de fazer o trabalho.
- Depois, quando nos levantarmos de manhãzinha, voltamo-nos para sul a ver o sol a sair detrás das serras. À medida que o astro-rei se vai levantando os olhos vão ficando deslumbrados e automaticamente apetece-nos fotografar toda aquela beleza envolvente. A verdura dos campos vai-se transformando e, de repente, lembramo-nos das narrações bíblicas do paraíso ou o perfume saído dos poemas dos poetas que, como Miguel Torga, cantaram a beleza dos vinhedos do Douro ou a majestade das Serras das Aturas o Barroso e do Gerês.
- Vamos continuar a observar as sucessões constantes entre noites e dias, ora à luz do sol, ora ao brilho das estrelas e da doçura do luar. E se, entretanto aparecerem umas trovoadas benfazejas, entre raios e coriscos, não tenham medo. Abram-se os guarda-chuvas ou encostem a cabeça às janelas atrás do vidros e o medo vai proporcionar-lhes a seguir, momentos de grande encanto e tranquilidade. É assim que fazem os pintores e os poetas; primeiro impregnam e emprenham todas as suas qualidades artísticas e depois, como fazem as parturientes dos seres humanos, vão eles continuar o mistério da criação nas suas telas ou nas palavras, sejam elas em prosa ou em verso.
- Quqndo voltar a casa, no seu computador, faça acompanhar a beleza das imagens com a suavidade das suas melodias preferidas, grave tudo num CD, utilizando o formato VCD ou SVCD, e veja agora na televisão, utilizando um leitor de CDs que lêem muitos formatos e que são baratos.
-E assim, terá o Céu da sua aldeia para ver e viver quando quiser.
Procure no blog aqimetem.blogs.sapo.pt de 27 de julho e já fará uma ideia daquilo que podemos fazer para deleite próprio e apoio às aldeias, por vezes, deconhecidas e rejeitadas
Desejamos Boas-Festas a todos os seres que habitam o nosso Mundo.
Infelizmente, a problemática da emigração é muito controversa. Por uns é vista com maldita; por outros como abençoada. Na região de Barroso, concelhos de Boticas e Montalegre,´dá para ser vista pelos dois prismas mas se conhecermos um pouco da história destas terras, aldeias, para aqueles que, como eu, vivemos a realidade dos anos 1960-1970, temos de ver a emigração como um factor de lágrimas de saudade com as de alegria do adeus à miséria que se vivia nos meios rurais. A minha aldeia insere-se neste exemplo.Muitos fugiram pela calada da noite e pela calada da noite muitos ficaram a chorar mas passados meses os fraancos franceses foram mensageiros de uma vida nova. Os familiares passaram a alimentar-se melhor; os filhos a substituirem os socos (tamancos em madeira feitos pelo soqueiro lá da terra) por botas mais confortáveis e festeiras; as calças rotas e remendadas foram desaparecendo para darem lugar a umas novinhas em folha. O colmo (palha) que cobria as casas e que, muitas vezes contribuía para as ajudar a incendiar, foi substituído pelas telhas caneiras e de marselha. As pessoas deixaram de ir fazer as necessidades fisiológicas à corte dos porcos para utilizarem as modernas casas de banho. Enfim, quem tiver dúvidas, venha fazer um estudo sério a esta aldeia e não se limitem apenas a ver os filmes sobre a emigração no Instituto Frnco-Portugais em Lisboa, onde se comentam muitos filmes a matar de novo o Salazar e não se reconhece a parte positiva desse período mau, mas que, pelo caminho que levamos, a emigração dos que continuam a estudar e têm que procurar trabalho no estrangeiro, talvez um dia reconheçam melhor as graves dificuldades que nenhum governo honesto quer mas que, infelizmente, se vão sucedendo por circunstâncis que ninguem, com o mínimo de boa formação humana, deseja.
Sapiãos é hoje uma aldeia bonita, moderna, florida, que continua a subir a Serra do Leiranco, com 1134 (mil cento e trinta e quatro) metros de altitude, de onde se divisam paisagens espectaculares, quer voltados para Chaves, Vidago, Espanha ou para os lados do Gerês.
Convidamos toda agente a passar por aqui umas férias e a dizer adeus aos medicamentos antidepressivos, sobretudo, a partir do mês de Abril quando a natureza está toda florida e os campos e serras se transformam num imenso Jardim.
Pouco a pouco irão descobrindo a história da tal aldeia fantástica que de importante passou a insignificante e que nas últimas décadas retomou o sentido histórico de quem a fundou em tempos remotos.
Para já, incluímos um texto que documenta a origem do apelido Barroso, de todos os que o utilizam em Portugal.
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Timbre: um dos leões com as faixas.
Nota: - ( Sipiões, agora Sapiãos, concelho de Boticas).