Na aldeia de Sapiãos, concelho de Boticas, para angariar fundos para as obras da Igreja, a Comissão Fabriqueira comprava um leitão (porco pequenino) e a alimentação deste, até ser grande e estar muito gordo, ficava ao cuidado da população que gostava muito de colaborar com a engorda do porco de Santo António.
Cada dia mudava de tratador, que o alimentava durante o dia, e à noite, ia dormir à corte, assim se chamava uma pequena divisão de uma casa, coberta e atapetada de palha para ele dormir confortavelmente. Em cada despertar de um novo dia, aparecia uma nova amiga a convidá-lo a sair e a ir almoçar e jantar a casa dela. Rua abaixo, lá ia ele de campainha ao pescoço a anunciar que ele era um convidado e um porco especial. Era propriedade da aldeia e crescia para benefício do Património Histórico da Aldeia.
Depois de uns meses de bem tratado, chegava o dia de ser arrematado em leilão público para ser entregue a um só dono que, na altura das cevas o ia transformar em presuntos, salpicões, chouriças e outros sabores para deliciosos condimentos e iguarias.
E as igrejas continuam bem conservadas e bonitas. Aqui fica o nosso agradecimento aos numerosos porcos de Santo António que se foram sucedendo ao longo de séculos, na aldia.
Artur Monteiro do Couto
Miguel Torga, um dos maiores escritores de Portugal, falou das grandezas e misérias de Trás--os-Montes e Alto Douro mas, quando teve de caracterizar a Sua Província, transformou as misérias em virtudes penetrando profundamente na riqueza humana que soube transformar as pedras em pão e no néctar dos deuses." o vinho que desceu nos barcos rabelos e tornou a cidade do Porto, conhecida em todo o mundo, pelo resultado delicioso do suor e das lágrimas de quem sulcou montanhas, plantou videiras, esmagou as uvas com o seu próprio peso e que, no meio de todas as agruras, cedo as esqueceu para cantar e dançar com uma grande efusão de alegria.«... depois de trepar e atingir a crista do sonho, contempla a própria bem--aventurança.»
E aquela gente que habitou e, ainda habita esse reino feito da rudeza das pedras, de neve, de geadas, de altas montanhas e baixos vales, sorri, recebe bem lhe faz uma visita e aquece a todos no conforto da lareira, nos meses de inverno e partilha o pão e o vinho sem nada pedir em troca.
Visitem os locais do Roteiro Torguiano por Terras de Barroso, realizados por Barroso da Fonte e Laureano Gonçalves e aproveitem para ler os textos ao visitarem os locais que o escritor imortalizou.
Artur Monteiro do Couto
Na aldeia de Sapiãos há a Igreja paroquial mais três capelas
O Concelho de Boticas foi criado em 1836, atravez do decreto de 6 de Novembro de 1836. Actualmente, é constituido por 16 freguesias. A Freguesia de Sapiãos tem uma localização previlegiada. Praticamente, esta unida à sede do concelho.
Réplica da Estátua do Guerreiro Calaico?( Lusitano?)
Que segudo alguns historiadores marca a Idade do Ferro . Outras estátuas foram encontradas
no castro do Lesenho, no concelho de Boticas. Comentaremos este assunto noutra publicação neste Blog
Pode entrar no blog da Casa de Trás-os-Montes e Alto Douro por este link:
A SOLIDÃO CRIATIVA DO PASTOR
Ser Pastor no Século XXI é uma opção de vida para mim, depois de ter nascido e crescido junto dos animais: vacas, ovelhas, cabras e cães. Frequentei as escolas da aldeia, fiz o equivalente ao actual 6.ºano de escolaridade e sempre me dediquei à observação da natureza, à cultura dos campos e do espírito, lendo livros e ouvindo, na Rádio e Televisão, pessoas que despertavam a minha atenção.
Por circunstâncias familiares, sempre vivi do campo e para o campo, com todos os seus encantos e agruras. Umas vezes cantava, outras vezes chorava, como acontece com quase todos os seres humanos; só que eu senti na carne as rajadas dos ventos fortes e o frio da neve e das geadas. Mas como disse o poeta Fernando Pessoa no poema MAR PORTUGUÊS:
«Quem quer ir além do Bojador
Tem de ir além da dor.»,
recordando-nos as dificuldades que muitos marinheiros portugueses sentiram para descobrir as Terras do Oriente.
Eu também tive de ir além da dor, da dureza da vida em que fui criado e que continua em momentos do rigoroso Inverno em Terras do Barroso, ou debaixo de um calor intenso nos meses de Verão. Este contraste até foi classificado como «nove meses de Inverno e três de Inferno».
Apesar de tudo isso, vivo feliz com a minha família e nada nos falta. Trabalhamos no campo mas vivemos alegres e com o conforto a que numa aldeia se pode aspirar.
Na minha qualidade de Pastor, sou um «Bom Pastor». Trato as minhas ovelhas com carinho, pego-lhe nos filhos ao colo, quando é preciso, e procuro para elas o melhor. Os cães ajudam-me a guardá-las dos lobos; elas também são as minhas grandes amigas. Dão-me a qualidade de vida que tenho, juntamente com os apoios que recebo da Comunidade Europeia, e percorro os montes atrás delas; umas vezes cantando, outras receoso, com medo das trovoadas; e,
nos momentos de solidão começam a nascer pensamentos criativos que fazem de mim um poeta popular (até já recitei alguns poemas em directo para os ouvintes da Rádio Larouco, de Chaves, e o jornalista Sérgio Mota aproveitou e fez-
-me uma entrevista via telemóvel). Penso no Património que os nossos antepassados nos deixaram: nas igrejas e capelas, nos cruzeiros, nas sepulturas antropomórficas, nos moinhos, nas cantigas populares, na maneira como se vestiam e calçavam, nos caldos de farinha e nas castanhas que comiam para se alimentar.
Enfim, vivo momentos de sonho e de ilusão a partir de uma realidade que muitos rejeitam pelos seus espinhos, mas esta vida dura também tem os seus encantos.
Num fado diz-se: «Quando a tristeza me invade, canto o fado…»
E, eu, penso nos miseráveis que vivem sem abrigo nas cidades e naqueles que à nossa volta querem dar a impressão de que são ricos e não passam de pelintras, mentirosos e ladrões; ou, então, passam a vida a mendigar para lhes arranjarem um emprego e eu, aqui, sou senhor de belas paisagens, de um ambiente saudável e uma alimentação abundante.
Uma das ideias que renasceu da solidão foi produzir mais este filme para servir de testemunho histórico aos vindouros, conhecer as suas origens e respeitarem o passado. Amanhã, também eles serão passado.
Já fiz um filme onde refiro, concretamente, a minha vida de Pastor e os trabalhos no campo.
SAPIÃOS é uma aldeia rica em História. Os documentos confirmam isso. Nós também fazemos parte dessa História e queremos honrá-la dando o nosso humilde contributo.
Alfredo Gomes do Couto
(Pastor)
Visitei a EXPONOIVOS 2008 (4 a 6 de Janeiro) na FIL, em Lisboa,
e do dossier distribuído à imprensa retirei alguns dados que julgo de interesse:
- Em Portugal, no ano de 2005, registaram-se 48.671 casamentos, correspondendo 81,2 por cento a primeiros casamentos entre solteiros.
Quanto a segundo casamento, os registos apontam para 14 por cento
nos homens e 11,6 por cento nas mulheres.
Em Portugal, e tomando como valor médio 20.000€ por casamento,
calcula-se que o sector valha cerca de 1.000 milhões de euros.
Ou seja, 12 estádios do Euro 2004 ou 1% do PIB nacional.
- Todos os “stands” estavam muito apelativos ao luxo e à satisfação
das vaidades que envolvem os contos de fadas quando se trata de realizar
os sonhos dourados e das princesas encantadas. Três desses stands eram
de transmontanos nossos vizinhos a residir na área da Grande Lisboa.
Horácio Miranda, natural de Chaves, industrial em Sintra; Domingos , natural de Ribeira de Pena, industrial em Vale de Lobos, e Manuel
Maria Ricardo, natural de Murça, Quinta do Alto, Vila Franca de Xira.
Três empresários que dão cartas na indústria hoteleira e não só. Que o
digam Marco Paulo, as Câmaras Municipais de Sintra, Mafra, Amadora e outras, ou futebolistas endinheirados do Benfica e do Sporting.
« Casar faz bem à saúde»
nos Estados Unidos, divulgado na reunião anual da Associação Americana
de Sociologia, o casamento faz bem à saúde e contribui para o prolongamento da longevidade. O estudo revela que os efeitos do casamento atingem
níveis bastante satisfatórios ao nível emocional e conclui que “ o casamento
é sempre uma boa opção para todas as pessoas”.
Expliquemos a razão do Título:
Dois jovens pensaram em passar férias de sonho em diversas partes
do mundo, só que não tinham dinheiro. Dando voltas à cabeça, um
deles adianta a proposta: - e se nos casássemos…, entre os teus convidados
e os meus éramos capazes de juntar 400 convidados. Ora, se cada um
nos desse uma média de 50 (cinquenta contos), juntávamos 20.000 (vinte
mil contos = 100 mil €uros); os nossos pais pagam o copo d’água e nós,
com tanto dinheiro, já podemos passear à vontade. E se bem o pensaram,
assim o fizeram. Os pobres dos Velhos bem barafustaram mas não
os demoveram. Por iniciativa própria, trataram de tudo e
assumiram compromissos pessoais. Tudo, preto no branco como as
empresas exigem. O diabo é que dos 400 convidados só 50 é que aceitaram
e os sonhos transformaram-se em pesadelos. Acreditem que isto foi real e, casos como este, há por aí em abundância. Gastam-se 20.000 €uros em
média por casamento. Os pais empenham-se para pagar as vaidades dos
filhos. Os progenitores ficam a trabalhar no duro para pagar as dívidas,
e os pombinhos voam para as praias do Oriente ou do Ocidente a
deitar a barriga ao sol e a gozar “a lua de mel”.
Fazer a festa com dignidade e conforme as posses de cada um, tudo bem;
agora exigirem aos “Velhos”, entenda-se Pais, sem eles poderem, o
casamento transforma-se num pesadelo familiar e está dado o primeiro
passo para o divórcio. “Casa onde não há pão todos ralham e ninguém
tem razão”. Um bom casamento pressupõe muito bom senso, para cultivar
a saúde a que se referem os cientistas americanos.
Tenho dito.
Artur Monteiro do Couto