Terminado o ano escolar 2007/2008, recordamos o filme "CANÇÃO DE LISBOA", em que o grande actor Vasco Santana representa o perfil de um jovem estudante que frequentou a Universidade de Lisboa. Esse jovem viveu da mesada das tias que viviam em Trás-os-Montes, que nunca tinham vindo à Capital e o consideravam um aluno cumpridor. Ora, O Vasco preferia mais os arraiais, as cantigas populares e as mulheres bonitas, representadas por Alice (Beatriz Costa)... do que estudar...
Os azares do Vasco sucedem-se: no mesmo dia em que é reprovado no exame final de curso, recebe uma carta em que as tias lhe anunciam uma visita a Lisboa! (E vai ficar desmascarado).
Infelizmente, há muitos como o Vasco que, em vez de estudarem, passam a vida nas "borgas" e depois mentem aos pais, tias, e à gente lá da "santa terrinha", querendo passar por doutores (cursos terminados) e não passaram dos primeiros anos.
Por estas e por outras é que nasceu o dito popular: «Um burro carregado de livros é um doutor» ... porque os cábulas andam com os livros de baixo do braço ou com eles às costas dentro das pastas a imitar os turistas e a enganar os que andam a mourejar de sol a sol para sustentarem os vícios dos pseudo-estudantes. Eu conto-me no número dos enganados. Isto não é fantasia.
Quantos não teriam regressado a casa incluídos no número daqueles que deram origem ao provérbio: «UM BURRO CARREGADO DE LIVROS É UM DOUTOR». E para o ano inventa-se um Mestrado e as Tias continuam a pagar as paródias! E se um dia se terminar o curso com incompetência e alguma sorte, enganam-se os clientes. "Só perde quem tem".
Artur Monteiro do Couto
A EMIGRAÇÂO OPEROU UMA REVOLUÇÃO
A região do Barroso, (formada pelos concelhos de Boticas e Montalegre), sempre foi uma das mais pobres e incultas de Portugal. Isolada no interior norte de Portugal, de braço dado com a Galiza, (Espanha), caminhou ao longo da História com o esquecimento do poder centralizado em Lisboa. Os seus filhos mais corajosos reagiram contra esta situação. Não encontrando remédio dentro das fronteiras, foram buscá-lo noutras partes do Globo; por terra e por mar; a pé ou a cavalo e mais tarde, já nos meados do século XX, de barco, carro ou de avião. A Família não podia viver com uma qualidade de vida semelhante à dos animais que, pelo menos, tinham erva nos campos/lameiros para comer. E ei-los a partir pelo Mundo de Cristo confiantes no êxito. Sofreram no corpo e na alma os efeitos da aventura, mas foram esses, que se fixaram na Europa, sobretudo em França, no Brasil, nos Estados Unidos da América e noutras paragens, que fizeram a revolução cultural no Barroso e evitaram que os seus filhos não conhecessem a dureza da vida que os empurrou, a eles, porta fora.
Efectivamente, Barroso, a partir da emigração da década de 1960 em diante, mudou substancialmente nas formas do “ TER “ e do “ SER “.
Recordamos que só depois da Reforma do Ensino do Ministro Veiga Simão (1967-1974) é que o Ensino Oficial Preparatório trepou até às montanhas do Barroso. O ensino gratuito até ao 6º ano só chegou a Boticas pela Portaria nº 664/73 de 4 de Outubro, que criou a Escola Preparatória D. Pedro de Meneses. As Escolas, da maior parte de mais abastados e menos abastados, foram os Seminários destinados a formarem padres. Uns alunos pagavam pouco e outros não pagavam nada; e daqui partiu a grande revolução cultural que os emigrantes provocaram nas regiões mais carenciadas. Reconstruídas as casas, começaram a investir na educação dos filhos, mandando-os estudar em Chaves, Braga, nos Seminários, nos colégios particulares locais, nas Universidades e só muito mais tarde é que aparece a democratização do ensino; mas esta democratização do ensino não custeava as despesas da alimentação, deslocações para a sede dos concelhos, o material escolar, etc.. E foi aqui que o suor e o sangue dos emigrantes apareceu transformado em escudos para que os seus filhos ou netos não fizessem parte da lista a quem estava vedada a possibilidade de irem além da quarta classe, criada pelo Governo de Salazar.
Hoje, temos gente importante no aparelho de Estado; administradores de grandes empresas, do Estado e Privadas, Industriais e grandes Empresários de sucesso, dentro e fora de Portugal, mas que isto fique bem claro: se não fossem os emigrantes, ainda hoje se andava a fazer as necessidades nas cortes dos porcos, das vacas e nas hortas e os incultos continuariam em números alarmantes. Diz o Povo « Quem não tem dinheiro não tem vício…ou “ não toca viola”. E o dinheiro veio com a emigração. Antes, vegetava-se e andavam os curiosos a arrancar dentes com alicates de arrancar pregos e outras coisas similares. Por tudo isto, aqui fica uma saudação especial aos emigrantes que estão de visita aos familiares, desejando-lhes umas boas férias; aos emigrantes de todos os Continentes e, aos agora, “Cidadãos Europeus”.
Artur Monteiro do Couto
Nota. Cá pelo rectângulo lusitano, à beira-mar plantado, «a crise já levou muitas famílias a terem de entregar as chaves das suas casas aos bancos por não conseguirem pagar os empréstimos de crédito à habitação» Jornal SOL-12-Julho-2008. Por este andar, agora, vão ser residentes das grandes cidades a terem de partir, infelizmente, como fizeram os barrosões.
TORRE DE BELÉM - Deste local partiram os navegadores que deram novos Mundos ao Mundo e que contribuíram para o cruzamento de raças e de culturas.
A Torre de Belém foi mandada construir no séc. XVI para assinalar o local da partida das Caravelas e homenagear "aqueles que da lei da morte se foram libertando" pelos seus feitos.
Segundo declarações do Professor Doutor Ruí Vieira Nery ,Director do Instituto de Etnomusicologia da Universidade Nova de Lisboa, numa entrevista dada ao programa da RTP2 -Câmara Clara- orientado pela jornalista Paula Moura Pinheiro em 29-06-2008,
o Fado teria aparecido em Portugal depois do regresso do Rei do Brasil em 1820 e com ele veio a influência musical Afro-Brasileira.
A partir daí uma nova forma de sentir e de cantar teria dado origem ao Fado, característico de Portugal.
Consultar o livro "História do Fado" do referido Professor para ter ideias mais exactas.
Na referida entrevista foi dito que se distinguiram dois fadistas "castiços": Alfredo Marceneiro e Maria Teresa de Noronha.
AMÁLIA RODRIGUES foi e, mesmo depois de morta, continua a ser a Rainha do FADO PORTUGUÊS no coração dos portugueses e
o Professor repetiu, mais que uma vez, que a sua Herdeira Internacional é a MARIZA já galardoada em diversas partes do Mundo.
Verificamos, assim, que Portugal espalhou cultura pelo Mundo e recebeu a cultura desses Povos com quem conviveu durante centenas de anos. A concluir,
repetimosas declarações de Ruí Vieira Nery:
« o fado é resultante da influência musical Afro-Brasileira».
Artur Monteiro do Couto