Há coisas simples que nos prepararam
para vivermos felizes sem haver necessidade de ambições desmedidas e de passarmos a vida a mentir, a enganar o próximo e a sermos invejosos do bem-
-estar alheio.
Os grandes problemas evitam-se a cantar e a dançar como se faz nas aldeias de Portugal, mesmo quando se come o pão de cada dia, amassado com o suor do trabalho em tardes de Verão ou com as mãos enregeladas, no Inverno, segurando, numa, o pedaço de centeio e, na outra, o pedaço da carne de porco, naturais fontes de energia matinal para o dia de trabalho no campo ou na escola.
A preocupação tradicional dos transmontanos é prepararem os filhos para serem cidadãos honestos, que respeitem os bens alheios, não serem invejosos e que trabalhem para ser ricos, mas à sua custa.
Foi esta filosofia que pautou a maneira de viver em Trás-OS-Montes durante séculos: ricos ou pobres, todos deixavam as chaves nas portas, ou, muitas delas, nem chaves tinham. Utilizava-se apenas um tosco fecho de madeira.
Cantava-se e dançava-se ao toque dos realejos, das bandas de música nas festas e arraiais, preservava-se a cultura tradicional nos ranchos folclóricos, agora, em grande recuperação, com o aparecimento de novas Associações Culturais, subsidiadas pelos Pelouros da Cultura dos Municípios e começam a surgir escolas de música para os jovens, que os motivam a preparar-se para uma vida feliz em vez de se envenenarem com drogas e ocuparem os tempos livres a fazerem disparates que os marcariam negativamente para toda a vida. Ainda bem que assim é. Mas os bons costumes tendem a deteriorar-se por influências estranhas e estrangeiras e, assim podendo vir a ser, com maior intensidade,
Aconselhamos aos pais que inscrevam as crianças nas Escolas de música, Bandas musicais, Ranchos folclóricos, Clubes desportivos, Escuteiros, Escolas de dança, etc.… se não quiserem, um dia mais tarde, lamentar-se como aqueles que nas grandes cidades são ricos e filhos de ricos, e são uns péssimos alunos e uns parasitas mal-educados pelos maus exemplos que receberam dos seus progenitores ou dos colegas. Sabemos que há muitas escolas de música de norte a sul de Portugal, mas permitam-nos que refiramos a Escola Mozart de Chaves, cujos professores se deslocam a Boticas, Montalegre, Vila Pouca de Aguiar, Valpaços, etc.. Muitos alunos têm colaborado em festas dedicadas aos emigrantes, dentro e fora de Portugal.
Lembremos o provérbio: «Quem canta seu mal espanta» e citamos a mensagem da letra da Marcha de Boticas:
« Ó alegres raparigas /lindas cantigas vamos cantar;/ Ó rapazes neste dia/ haja alegria sem acabar./ Ó corações alegrai-vos/ voai soltai-vos e palpitai.. Haja alegria nas almas, / batei as palmas, cantai, cantai.»
Desejamos a todos os cidadãos do Mundo, mais jovens ou menos jovens, uma “mente sã, num corpo são”.
Terminamos, deixando uma receita recomendada por um médico da Idade Média:
«Se tem problemas de estômago, beba um copo de um bom vinho tinto às refeições.» E o delicioso vinho maduro de Valpaços, com danças e cantares à mistura, transformam as agruras em festa, acrescentamos nós.
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