AS CASTANHAS A SAÍREM DO VENTRE MATERNO
MAGUSTO NO DIA DE SÃO MARTINHO
11 de NOVEMBRO
Diz o POVO:
“No dia de S. Martinho, vai à adega, incerta o pipo e prova o vinho.”
- E como o vinho é “generoso”, convidou as castanhas para se associarem à festa em honra do Santo, patrono dos pobres.
Em determinadas regiões de Trás-os-Montes, as castanhas são rainhas da gastronomia festiva no mês de Novembro e viajam, mesmo, de Vinhais e de Carrazedo de Montenegro, concelho de Valpaços, para o Brasil, para a Europa e outras zonas do globo. Umas assadas, outras cozidas, lá vão sendo comidas; avinhadas e bem saboreadas, alimentam e inebriam os pares para dançar ao som das músicas populares cantadas e tocadas.
A Lenda de São Martinho, é uma lição de amor e fraternidade para as sociedades modernas que estão a educar as novas gerações para o egoísmo e para as melhores técnicas de marketing, visando ludibriar incautos e chuparem-lhes o sangue como as famosas sanguessugas da medicina pré-científica. O exemplo de S. Martinho , ao repartir a capa com o mendigo em dia gelado e ventoso,merece ser celebrado, cada ano que passa, com mais entusiasmo para que o pensamento filosófico do ser humano se preocupe mais com a justiça criativa e distributiva, ensinando uns a” pescar “, a resguardarem-se das tempestades, do granizo e do frio das nevadas, pelas suas capacidades de trabalho e poupança – e socorrer os mendigos, os pobres de espírito e de haveres. Com este comportamento social, todos os seres humanos poderão, um dia, celebrar a festa de S. Martinho, comer as castanhas, provar o vinho e sentir o calor do Verão de São Martinho com um sorriso nos lábios e uma nova esperança. Os bons exemplos são para imitar. Neste período de S. Martinho 2009, estamos a assistir a um desfile de péssimos exemplos sociais, que rondam a rapinagem das mais escandalosas que se tem vivido em Portugal. Esses que trocam a honra por Mercedes de luxo e quantias chorudas, seriam bem mais felizes se pautassem a sua vida pelos exemplos de cidadãos vindos lá dos Montes e se contentassem em comer o pão, as castanhas, as alheiras e beberem uns copos de um bom vinho tinto, com a consciência tranquila e rejeitarem ser ladrões encobertos com o prestígio dos amigos e familiares.
Pessoalmente, vou participar na festa organizada pela Casa de Trás-os-Montes e Alto Douro de Lisboa, no Externato Marista de Benfica, Rua de S. Neutel, nº11, dia 8 de Novembro. É uma festa a valer, com cerca de 3000 transmontanos e seus descendentes ou convidados. Há castanhas assadas e transformadas em doces; alheiras, pão centeio, vinho do bom e à farta, bandas de música, o conjunto MARANUS e outras surpresas. Aqui, não há distinção de classes. Há apenas amigos e conterrâneos a continuar as festas a que se habituaram a celebrar humildemente a 500 quilómetros de distância, nos tempos de meninos.
E se alguns pisaram o risco da dignidade, aproveitem e venham regenerar-se, lembrando-se do que os Pais lhes ensinaram.
Artur Monteiro do Couto