PAIS EXEMPLARES
OFENDIDOS E ESPOLIADOS PELOS FILHOS
A história que vou contar tem personagens reais e continuam vivos.
Ei-la: uns camponeses pobres saíram da aldeia e rumaram à região da Grande Lisboa à procura de trabalho que lhes melhorasse o presente e garantisse o futuro.
Instalados numa barraca simples dos arredores da capital, chegaram a arrepender-se por terem trocado o casebre de granito e telhas por umas paredes de esferovite cobertas de plástico. Mas a esperança é a última a morrer, - assim aprenderam com os simples da aldeia. E começaram a sonhar que um dia poderiam ter uma vivenda com flores e uma garagem para o carro… Vamos ao trabalho que a nossa vida tem de dar uma volta.
Por sugestão de uns vizinhos, ela começou a trabalhar a dias e ele em serviços de limpeza. Eram fortes e saudáveis. Podiam trabalhar o dobro das horas daqueles que nasceram embalados pela moleza da cidade. E trabalharam, trabalharam e pouparam, que os vizinhos pobres ficaram admirados com eles e iam comentando: estes montanheses, a trabalhar e a poupar assim, qualquer dia saem daqui. E saíram. Foram viver para uma casa decente, com água, esgotos e electricidade. O sorriso voltou aos seus rostos e a ideia de um dia ter uma vivenda não lhes saiu da cabeça. Com algumas poupanças amealhadas, compraram um lote de terreno onde ainda pastavam as cabras e as ovelhas. Este, ficou intacto e imutável durante algum tempo. A conta no banco foi crescendo e quando, passados anos, puderam realizar o seu sonho, começaram a fazer muros em volta, a plantar árvores e roseiras. A seguir, nasce a vivenda dos seus sonhos. Tinha acabado de fazer anos uma filha, fruto do amor do casal. Foi uma festa bonita.
Como era filha única, pensaram: e se puséssemos a casa em nome da nossa filha para ela não vir a ter problemas depois de nós morrermos… Assim fizeram; a jovem passava a ter aquilo que os pais nunca tiveram na vida, a não ser o sonho.
Entretanto, a filha era já uma jovem senhora e os Pais estavam mais velhos e cansados. Como já tinham casa, emprego e umas magras poupanças para irem à festa da «Terra», disseram à menina dos olhos deles: nós vamos à aldeia e voltamos na terça-feira. Tens tudo o que te faz falta no frigorífico e dinheiro no lugar do costume. E partiram felizes. No domingo, a procissão saiu à rua, como era habitual, e à noite dançaram no arraial. Na segunda-feira, com saudades da filha, voltaram um dia antes do combinado.
A viagem correu bem mas ao chegarem a casa encontraram uma surpresa: ao entrarem no quarto da sua prendada menina, encontraram-na deitada, nos lençóis de linho, abraçada ao namorado, despida e desgrenhada. O coração da mãe ficou mais negro do que as vestes do luto das viúvas; e o do Pai, mais gelado do que as pistas de gelo da Serra da Estrela. Uma desilusão total... mas o pior ainda estava para vir.
- O Pai não podia suportar aquela situação de «amantes às escondidas» e insistia com a filha para legalizarem a situação pelo casamento. Ela compreendia as insistências dos “Velhos” e, por sua vez, dizia ao namorado que era melhor casarem o mais depressa possível porque ambos trabalhavam e podiam iniciar uma nova fase da sua vida.
Mas o “matreiro”, que não sabia o que era a honra nem a dignidade, foi dizendo que não porque não tinham casa. Tantas vezes esta frase entrou nos ouvidos da jovem que lhe respondeu: a casa dos meus Pais está em meu nome, como é que não temos casa… O “saloio” impôs agora o impensável. Então corres com os teus Pais de lá para fora e vamos nós para lá viver sozinhos… E a pateta da menina que era a luz dos olhos dos que lhe deram a vida, foi na conversa do «burro sem cabresto»…correu com os Pais, que tiveram de ir viver para a garagem de um colega motorista profissional, para os patifes irem gozar o que foi fruto de suor e sangue e, por fim, da maior desilusão que alguém poderia admitir, nem sequer em sonho.
E a partir desse ano, no dia 19 de Março, quando os bons filhos felicitam e agradecem aos Pais o seu Amor, aquele Pai sente espinhos a cravarem-lhe o seu coração generoso, mas desiludido e revoltado.
Juro-vos pela minha palavra de honra que isto é verdadeiro.
- Aqui fica um alerta aos Pais corroborado com o ditado popular:
«Quem faz o que é seu antes que morra, merece com a cachaporra»
Artur Monteiro do Couto
arturcouto@clix.pt
De mg a 10 de Março de 2010 às 23:12
Boa noite ao Senhor!
Muito bem este alerta aqui, para todos os pais.
Estes pais , que raio de sorte terem uma filha assim...
Conheço também um caso muito parecido com este, mas com umm filho e uma mãe, velha e viúva!
Ainda bem que alguém alerta para estes casos.
Respeitosamente
De
Lena a 11 de Março de 2010 às 14:38
Olá Artur!
Como já lhe tinha dito, eu como filha única, acho a atitude dessa miúda inacreditável. Foi mimada demais, umas palmadas perderam-se... Mas o feitiço vira-se sempre contra o feitiçeiro e ela ainda há de levar é desse namorado tão "querido" a quem ela achou por bem fazer uma vontade inadmissível...
Jocas gordas
Lena
De
Lourdes a 11 de Março de 2010 às 23:56
Olá Artur
Vim ver o final do post da blogagem colectiva, mas já antevia este final. Também tive conhecimento de casos semelhantes. Alguns pais ficaram mesmo na miséria.
É triste mas é verdade.
Beijinhos
Lourdes
Oi, Artur, assim como a Lourdes, vim correndo saber o final da história, que já adivinhava ser triste...
Enfim...
Olá Artur!
Que História !!!! Para esse pai, o dia 19 de Março é concerteza um dia igual a tantos outros...
Abraço, Susana
Enviei um convite especial para si para o seu email, em nome da Aldeia da minha vida.
Abraço, Susana
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