CALVÁRIO NA ALDEIA DE SAPIÃOS, concelho de Boticas
Segundo a tradição Cristã, na Semana Santa, os fiéis costumam recordar a Via Sacra de Jesus Cristo, numa espécie de solidariedade com ele, pelo sofrimento que teve, para benefício espiritual e material da Humanidade.
A fé, a devoção e o reconhecimento foram publicamente manifestadas neste monumento que se prolonga desde a Igreja Paroquial até aqui, e este percurso é feito a pé, cantando e rezando junto de cada cruz, utilizando textos (bíblicos e populares) alusivos à Paixão. Os cânticos são uma mensagem sentida que mexe com a sensibilidade mais profunda dos participantes. Destacamos o “Bendito da Paixão”, que faz parte de uma recolha nacional de música etnográfica portuguesa feita pelo musicólogo e advogado Dr. José Alberto Sardinha, estando publicado no CD/Portugal Raízes Musicais (Trás-os-Montes), editado em15 de Fevereiro de 1997 pelo Jornal de Notícias do Porto.
No Domingo de Páscoa, celebra-se a Ressurreição e dá-se testemunho da mesma, visitando todas as famílias da comunidade, iniciando-se a saudação com a palavra Aleluia, Aleluia, Aleluia – o Senhor ressuscitou !... Boas festas… e os visitados repetem: Aleluia; beijam a Cruz adornada com flores, trocam-se umas breves palavras de amizade familiar e os donos da casa oferecem folar, pão-de-ló e vinho fino (Porto). Geralmente, não aceitam com receio de toldar o equilíbrio dos bebedores…
E, de porta em porta, ao som do tilintar da campainha, o Compasso presidido pelo Pároco, vai levando uma mensagem de amor, de solidariedade, de festa e de convívio fraterno.
Ao almoço, come-se o tradicional cordeiro ou cabrito, seguindo-se as recomendações narradas no livro bíblico «Êxodo»,(excepto não partir os ossos), que relata a libertação do Povo Judaico do domínio dos Egípcios,(há cerca de 3.550 anos-tempo de Moisés - passagem da escravatura à liberdade =Páscoa.
Desejamos boa Páscoa a todas as Famílias e a paz e felicidade, subjacentes a este acontecimento, aos que, na celebração deste aniversário 2010, estão a sentir, na carne, as dificuldades económicas e desilusões de milhões de portugueses.
Artur Monteiro do Couto