Na aldeia de Sapiãos, concelho de Boticas, para angariar fundos para as obras da Igreja, a Comissão Fabriqueira comprava um leitão (porco pequenino) e a alimentação deste, até ser grande e estar muito gordo, ficava ao cuidado da população que gostava muito de colaborar com a engorda do porco de Santo António.
Cada dia mudava de tratador, que o alimentava durante o dia, e à noite, ia dormir à corte, assim se chamava uma pequena divisão de uma casa, coberta e atapetada de palha para ele dormir confortavelmente. Em cada despertar de um novo dia, aparecia uma nova amiga a convidá-lo a sair e a ir almoçar e jantar a casa dela. Rua abaixo, lá ia ele de campainha ao pescoço a anunciar que ele era um convidado e um porco especial. Era propriedade da aldeia e crescia para benefício do Património Histórico da Aldeia.
Depois de uns meses de bem tratado, chegava o dia de ser arrematado em leilão público para ser entregue a um só dono que, na altura das cevas o ia transformar em presuntos, salpicões, chouriças e outros sabores para deliciosos condimentos e iguarias.
E as igrejas continuam bem conservadas e bonitas. Aqui fica o nosso agradecimento aos numerosos porcos de Santo António que se foram sucedendo ao longo de séculos, na aldia.
Artur Monteiro do Couto
De Uma Sapiota à espreita... a 16 de Janeiro de 2008 às 16:03
Há muitas aldeias, de norte a sul do país ,que estão a voltar às origens, praticando antigos costumes, uns mais castiços que outros!
Era engraçado se Sapiãos voltasse a engordar um porquinho de Santo António...entre outras coisas, mais que não fosse pela diversão em si, mas não me parece que a actual conjuntura económica e social o permita!
Já ninguém tem tempo disponível para se empenhar numa tarefa destas: os mais novos não se interessam, os mais velhos já não têm paciência...
Apesar de eu não viver lá, gostava de ter sabido que na minha aldeia andava um porquinho à "boa vai ela" rua acima, rua abaixo, de sininho ao pescoço anunciando a sua passagem...
Que pena! Acho que me vou ficar pelo pensamento...
Gostei imenso do comentário porque tem um misto de realidade e de poesia. Eu tive a sorte de ver primeiro. os tais porquitos, depois vê-los transformados em grandes porcões a merecerem o carinho da população e o encanto das crianças.Na nossa aldeia, até os porcos dos presuntos e dos salpicões humanizavam os humanos. Nas cidades, já não há nada a fazer. Há muitos calhaus em vez de dóceis porquinhos. Beijinhos para a autora.
Passei por aqui para felicitar e deixar uma abraço. Bom trabalho, em prol da sua terra, ou melhor dito de Trás-os-Montes. Acabei há pouco de engendrar um arrazoado sobre a nossa visita à FIL . Se tiver oportunidade veja. Até sempre.
ligue para www.flrckr.com e veja as fotos de artur couto. Depois, diga da sua justiça.
Li o texto sobre a B T L. Muito bem.
Boa tarde! Já lá fui, mas não vi fotos do meu Amigo. Vou tentar de novo. Vai à terra? O Cavaco é que sim, e pelos vistos tentado pelo "vinho dos mortos". Escusava de ir tão longe.... Um grande abraço e parabéns pela lista A....
De Angela a 4 de Junho de 2011 às 02:45
Comentário muito narrativo... adorei saber a origem da palavra "porco de Santo Antonio" .. :)
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