PASSEANDO POR TRÁS-OS MONTES E ALTO DOURO
As barragens no Sabor, no Tua e no Tâmega foram motivo de contestação para alguns respeitáveis cidadãos e de caloroso apoio para muitos outros que amam e respeitam esses rios, as aldeias mais próximas, as suas riquezas e misérias. Toda a gente envolvida neste “Prós e Contras” é louvável. Os calados e os indiferentes é que poderão ser questionados pela sua posição diante de decisões importantes para a economia nacional e local. Não devemos tomar uma atitude de moribundos enquanto temos energias dinamizadoras e somos cidadãos com direito a voto e a sermos ouvidos.
Os que contestam as energias alternativas, pela água, pelo sol, pelo vento e outras, têm agora mais uma razão acrescida quando vêem as imagens de milhares de cidadãos a fugirem da proximidade das “Centrais Nucleares” no Japão, ou tomam conhecimento dos novos ladrões das bombas de combustíveis pelo aumento de preço e escassez das energias que lhes proporcionam passear, trabalhar e ganhar o pão de cada dia dentro de grandes meios de transporte. Poderemos, assim, concluir que as “Barragens” são fonte de riqueza e beleza para todos os portugueses; mas têm de servir, efectivamente, os interesses de todos e não apenas de alguns privilegiados que acumulem grandes contas bancárias à custa dos pés descalços que continuam a viver na solidão das montanhas, a ouvir cantar as águas em períodos de Inverno e a uivar os lobos durante a noite.
Foi com agrado que lemos, no “Semanário Transmontano” de 18 de Março, que a maior das duas barragens que integram o aproveitamento hidroeléctrico do Baixo Sabor, em Torre de Moncorvo, já começou a ser cimentada, que o enchimento da barragem está previsto para 2013, devendo começar a produzir energia em 2014. O projecto da EDP emprega já mais de 1000 trabalhadores. Acrescentam ainda que das 85 empresas contratadas, 13 são locais.
Esperamos que a Iberdrola ( empresa espanhola) reinicie o mais depressa possível as obras no rio Tâmega, para aumentar a beleza e a riqueza entre as montanhas que foram durante séculos abandonadas, exclusivas de javalis, coelhos, cães de caça, lobos e de poucos rebanhos de ovelhas e cabras que têm vindo a desaparecer, com a maior parte das populações. E gente com poder de compra e amante da natureza, de paisagens invulgares e dinheiro para relançar a indústria hoteleira, subam às regiões montanhosas, rios acima, e que nos tragam mais riqueza e qualidade de vida.
Artur Monteiro do Couto