COM CARA DE POUCO AMIGOS NA HORA DA DESPEDIDA
... E OS DOIS FICARAM SUJOS
Um moleiro
E um carvoeiro
Travaram-se de razões;
Era um da cor da neve;
Outro da cor dos carvões.
Cada qual deles teimava
Que o outro mais sujo estava;
Tinham ambos a mão leve,
Choveram os bofetões.
E qual foi o resultado?
Um ao outro se sujou.
Pois ficou
O carvoeiro
Empoado;
E o moleiro
Enfarruscado.
Assim fazem as comadres,
Se começam a ralhar;
Assim fazem os compadres,
Se a política os separa;
Cada qual sem se limpar,
Consegue o outro sujar;
Nem é isso coisa rara.
Henrique O`Neill
Pelo que temos lido nos jornais e visto e ouvido nas televisões,
parece que o poema do poeta a quem prestamos homenagem póstuma,
poderá ilustrar o que anda aí nas bocas do mundo, o que lamentamos.