RECORDEMOS A LAREIRA DA NOSSA INFÂNCIA NA ALDEIA
Os “Serões à Lareira” nas noites frias de Inverno
marcaram profundamente todos os que neles participaram. Muitos contos de cariz religioso ou pagão foram recriados por escritores de referência na cultura portuguesa. Ultimamente, o Professor Doutor Alexandre Parafita, da UTAD, tem-se dedicado à recolha desse vasto património transmitido de geração em geração e que agora faz as delícias das crianças e adultos, ao lerem, ou ouvirem recontar, nas escolas, as lendas das bruxas e mouras encantadas. As Editoras “Âncora” e “Didáctica” e as Televisões têm divulgado toda essa cultura, também recolhida pelo padre dr. António Lourenço Fontes, pároco de Vilar de Perdizes, que pôs esta aldeia do concelho de Montalegre no mapa cultural da Europa.
Observemos esta imitação da lareira no museu etnográfico da aldeia de Bobadela no concelho de Boticas.
- Como estamos na época dos magustos de São Martinho, comecemos pelo assador das castanhas com o calor da lareira, em tempos idos.
- Ao suporte da cafeteira de barro e da malga com os garfos e colheres chama-se estrefegueiro, que suporta os pedaços de lenha a arder, combustível natural – a fogueira – que faz ferver os potes em ferro e as panelas de três pés que hão-de dar um sabor especial aos alimentos colhidos nos campos: couves, grelos, feijões secos com casca, nabos, batatas, cebolas, alhos cenouras, etc. e as deliciosas carnes dos porcos, verdes e fumadas, como as chouriças, os salpicões e tudo o que criou a fama dos “cozidos à transmontana e à portuguesa”, com as batatas e a carne de vacas e vitelas de especial sabor. Até os ossos são cozidos e chupados… -tudo uma delícia.
Nos dias de geadas e intensas nevadas, o vinho saído das pipas ou dos tonéis atingia umas temperaturas tão baixas que até parecia querer congelar as goelas dos bebedores mais sensíveis. Nessas alturas as canecas de barro, cheias do fruto das videiras era ligeiramente aquecido. E a harmonia entre o comer e o beber era perfeita.
Belos tempos que estamos a recordar!. É esta uma das funções dos museus. De vez em quando, deveríamos renovar estes saberes e sabores que imagens como esta nos fazem despertar sensações de verdadeiro prazer. Disse-nos adeus o São Martinho mas estão a chegar as feiras regionais do fumeiro, da assoão e de outros paladares porcinos associados aos tubérculos e legumes transmontanos.
- Visite essas feiras e festas em honra dos “porcos” de quatro patas, - que inspiraram alguns de duas, nas cidades e festas, a usarem arganéis - e daqueles que os trataram com toda a dedicação e esperança de produzirem qualidade para quem tem o paladar afinado.
Artur Monteiro do Couto