RECORDAÇÃO DOS TEMPOS EM QUE A NATUREZA RESOLVIA AS CRISES
Durante longos anos, a água e o vento, os burros, os cavalos, os bois, as vacas e outros animais, racionais e irracionais, eram as única energias que estiveram ao lado dos pobres a facultar-lhes, de graça, sem contadores nem sobretaxas de utilização que, hoje, são tantas e pesadas que até apetece silenciar os rádios, televisões, substituir os automóveis pelos burros em vias de extinção e renovar a qualidade das fontes e dos rios, utilizando, assim, a lenha dos montes para assar os peixes e comê-los neste ambiente idílico. Comparando esse Mundo, onde a natureza era rainha, com aquele que o está a substituir com as ditas novas tecnologias, apetece-nos corroborar a apreciação daqueles que vêm dizendo: «Fica-te mundo cada vez a pior…» E muito boa gente que vivia na dita opulência, vemo-la revoltada nas praças públicas e de mão estendida à porta do Banco da Fome e das Igrejas, sejam elas católicas, protestantes…
Mesmo que alguns vivam como ricos, exibindo grandes marcas de carros, barcos, aviões, muitas mamas de silicone e tantas outras supostas delícias ao seu dispor, sentem-se inseguros não vão aparecer por aí algumas escutas e atirar com eles para a prisão, como estamos a ver, exactamente, nos dias que estão a decorrer… choram agora que todas as vaidades e roubalheiras não passaram de pura ilusão.
Apetece-nos recordar Luís de Camões: «Saiba morrer quem viver não soube.» arrependido de eventuais asneiras que tenha praticado em vida.
Esperemos que os bebedores do sangue alheio arrepiem caminho, e todos unidos, guardemos a pedra filosofal do bom senso e da solidariedade para construirmos um mundo justo e sem retrocessos.
O Mundo progrediu; saudamos o progresso, a inovação, o empreendedorismo que alimenta os corpos e prolonga a vida. Mas não se podem desprezar os valores humanos ou trocá-los pela vaidade de uns brinquinhos nas orelhas dos rapazes ou na língua e nos lábios das pseudo-cultas que nem sequer sabem o nome do Primeiro-Ministro nem do Presidente da República dos seus países e pretendem viver, escondendo-se atrás das mãos calejadas e de operários que trabalham noite e dia e dos cidadãos honrados que cumprem os seus deveres sociais, pagando os seus impostos e acautelando o futuro com os descontos para a Segurança Social, contrariamente ao comportamento dos que reivindicam subsídios para lhes alimentar a preguiça e as sonecas a horas e a desoras.
O “Sol quando nasce é para todos”. É verdade. Mas só beneficiam dele os que o aceitam e o não trancam com barreiras, sejam elas de que ordem for.
Artur Monteiro do Couto