belezas paisagisticas e artisticas de Trás-os-Montes
Terça-feira, 13 de Março de 2012
A ECONOMIA do PORCO e da GALINHA no PORTUGAL NORTENHO.

 

  

                                           DAQUI NASCEU O FOLAR

        

    Nos meses frios de Novembro e Dezembro começam os encontros gastronómicos

 na devoragem apetitosa de tudo quanto pertence ao “Porco” que, depois de bem nutrido e lavado, como nunca lhe fizeram em vida, vai ter honras e elogios mais repetidos do que sucede com políticos que se dirigem àquelas paragens em época de campanhas eleitorais.

   As homenagens aos suínos começam lá para as bandas de Montalegre e vão-se alargando a Boticas, Chaves, Valpaços, Mirandela, Vinhais e por todas as regiões transfonteiriças. Saem à rua as Bandas Musicais, os concertinistas e cantores ao desafio, os ranchos folclóricos, os gaiteiros portugueses, espanhóis e de outras paragens, animando os visitantes enquanto estes saboreiam os presuntos, salpicões, orelheiras, alheiras, chouriças só de carne ou com farinha, (farinheiras) e - ao morto, nem os pés lhe deixam em paz. Comem-lhe tudo, dos pés à cabeça. E os que viveram ao seu lado e os trataram com todo o carinho, em vez de chorarem pelos amigos, sorriem e sentem-se orgulhosos por comprarem, pagarem e comerem tudo; ou nas festas do fumeiro em terras transmontanas ou mais tarde por esse mundo de Cristo além. O apetite de chorar é afastado pelos milhares de €uros que vão circular na economia doméstica, bastante carenciada em tempos malvados para a gente do campo.

 

       Aproxima-se a Primavera e com ela a Festa da Páscoa lembrando as agruras e alegrias da morte e Ressurreição de Jesus Cristo.

 

       Entra em acção o ciclo da economia galinácea. Os ovos, fruto do amor infiel do galo cantador e da amante ocasional, galinha, vão ser os reis da festa gastronómica da “Passagem = Páscoa” dando origem aos excelentes folares de CHAVES, mais célebres os do João Padeiro, e a milhões deles que se foram e vão espalhando pelo mundo. Eles têm o condão de transformar a farinha-triga, saída dos seus campos ou do Continente do Senhor Belmiro, em ouro comestível, com carne do amigo de quem acabámos de falar ou sem carne. O azeite, biológico ou não, com mais ou menos acidez, dá-lhe brilho, é uma espécie de passagem pelas mãos dos artistas polidores, como vimos há dias, na Televisão, a fazer às jóias. É que eles também passam pelo calor do forno, seja ele aquecido a lenha, como nos fornos comunitários do Barroso ou pelos que vieram trazidos pelas modernices.

     E as galinhas poedeiras, … também vêm pôr euros nos bolsos das patroas para comprarem as televisões digitais necessárias para ver as telenovelas e aprenderem a falar português e espanhol .

      - Ora vejam só, e quem diria -  que os Porcos e os Galináceos  têm um papel tão importante na economia doméstica do país dos pobres.

 

     BOAS-FESTAS e  FELICIDADES, para quem produz e quem come.

                          Artur Monteiro do Couto



publicado por belezaserrana às 19:38
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1 comentário:
De Amaro a 13 de Março de 2012 às 22:00
Dizer isto tudo é fazer história. O folar nasceu nas nossas "berças" mas foi apanhado pelos outros que o divulgaram e agora são capazes de dizer que foram eles os inventores. Grandes ald.....!
Isto é verdade, porque o "reco" e a "pita", eram o alimento da nossa gente. Ambos tinham os seus derivados: que agora apelidam de enchidos (eram chouriças, salpicões, o unto, os rojões...), até a bexiga do "reco" era aproveitada para encher de ar para curar certas mazelas... Eu ainda sou desse tempo...


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