Foto A.Couto-Julho 2012.
VISTA DA (A 24) - VIDAGO PARA A SERRA do LEIRANCO (SAPIÃOS)
SAÍRAM das aldeias serranas muitos dos Heróis do MAR que deram novos mundos ao Mundo.
Um deles foi um transmontano como eu, nascidos a umas dezenas de quilómetros de distância.
Refiro-me a Fernão de Magalhães, um sabrosense, que comandou a armada que tinha por missão dar volta ao Mundo e aproximar os habitantes do planeta Terra.
Quase todos os dias o visito, na memória viva do seu feito – estátua implantada na Praça do Chile, em Lisboa, num dos cruzamentos da Avenida Almirante Reis. Os que ficaram a dialogar com os lobos, em vias de extinção, têm sido outro tipo de heróis que parece terem sido afastados das preocupações nacionais por aqueles que enriqueceram à sua sombra, com subsídios da Comunidade Europeia ou sem eles. Como os lobos e outras espécies da fauna, está a aproximar-se em alta velocidade a desertificação total das aldeias serranas escondidas nos vales como os que não vemos na imagem; apesar dos rios que as atravessam, um deles bem conhecido e defendido, teoricamente, o rio Tâmega, nascido em Espanha e que se vai passeando por montes e vales até ao Atlântico.
Os Montanheses não são tratados com o carinho e respeito que merecem. As águas correm para o mar e não há quem pense em retê-las para regarem os campos e contribuírem para o apagamento dos incêndios. Salvo raras excepções, como os defensores das “Fisgas de Ermelo”,no concelho de Mondim de Basto, poucos são os autarcas e governantes que valorizam os miradouros, praticamente, sem gastar dinheiro, arranjando pequenos espaços que ofereçam o mínimo de segurança aos visitantes que amam as belas paisagens, como a que se divisa do alto da Serra do Leiranco.
CHAVES, Boticas e Montalegre,- os concelhos que mais beneficiariam com este valioso ponto de interesse turístico, dá a impressão que já estão tão fartos de serras que nem querem pensar nelas. Mas atenção, eu ouvi um ex-Administrador da Vidago-Pedras Salgadas, filho do segundo homem mais rico de Portugal, que estava preocupado com a ocupação dos tempos livres dos clientes dos seus hotéis; um deles, agora classificado com cinco estrelas.
E para comer e dormir, os ricos e amantes da natureza têm muito por aonde escolher; não se contentam apenas com a lenda do “vinho dos mortos”, com os poucos “dias das bruxas” ou com a “água das Caldas de Chaves”.
O Parque Nacional do Gerês passou a ser um dos centros turísticos mais atractivos do mundo para os amantes da natureza e biodiversidade. Não deixemos ao abandono os recursos hídricos e paisagísticos porque, sem valorizar estes elementos naturais, alguns concelhos, dentro de muito pouco tempo, não justificarão a sua existência.
A nossa desilusão tem crescido a cada dia que passa. Até os meios de comunicação estão contra a maior parte dos serranos. Uns queixam-se da TDT;outros da da falta de sinal dos telemóveis e da internet, e por isso evitam ir passar os fins de semana e, até, férias nas aldeias, porque não podem fazer determinados trabalhos científicos para apresentar nas Universidades... Talvez, cada um de nós deva assumir a nossa própria culpa; mas este problema é mais sério do que parece.
Devemos homenagear os “HERÓIS do MAR”, mas não devemos desprezar os “HERÓIS da TERRA” que mourejam de sol a sol no interior do País.
Artur Monteiro do Couto