VOZES DAS PAISAGENS CANTAM O QUE HÀ DE MAIS BELO À NOSSA PORTA.
APRENDA A OUVI-LAS E A INTERPRETÁ-LAS.
NA UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA, o Instituto de Estudos de Literatura Tradicional da Faculdade de Ciêncioas Sociais e Humanas promoveu uma verdadeira orquestra vocal de especialistas da escrita que deram voz às paisagens transmontanas onde se inspiraram para nos contar e cantar as belezas paisagísticas que os transportaram da terra até à mística do “Paraíso”.
Foram eles: os Doutores: António Pires Cabral, Bento da Cruz e Manuel Vaz de Carvalho.
No anfiteatro, perante assistentes e intervenientes, foram lidos textos destes autores, introduzidos por imagens dos locais referidos. Iniciativa, a todos os títulos, louvável para a Escola, para os participantes e para o muito que reflexões como esta podem introduzir de mais-valia na promoção do turismo em Portugal.
Um dos participantes lembrou a edição de uma recolha de “Diários” de Miguel Torga, feita pelos Drs. Laureano Gonçalves e João Barroso da Fonte, ambos transmontanos, recolha essa que foi editada pelos Municípios de Boticas e Montalegre.
Ouçamos uma das vozes das paisagens barrosãs:
MIGUEL TORGA:
diário de 26 de Outubro de 1942:
no seu diário de 17 de Junho de 1956 :
« A doença tem-me dado muitas horas amargas, mas devo-lhe também uma intimidade com a pátria de que poucos portugueses se podem orgulhar. Obrigado a procurar a esperança em cada fonte, passo a vida de terra em terra, com as tripas na mão. E até a este Barroso vim parar! O problema, agora, é estar à altura das alturas onde me encontro.»
E em 25 de Junho de 1956, em Carvalhelhos, escreveu:
« Olho a serra. E diante desta natureza sem disfarces, aberta para todos os horizontes, sinto como que uma centrifugação do espírito. Ando e parece que voo; tento localizar-me, e perco-me na indeterminação. Uma espécie de nomadismo da alma descentra-me e liberta-me das amarras mesquinhas da vida compartimentada.»
3 de Agosto de 1959:
«Gosto de rever certas paisagens, ainda mais do que reler certos livros. São belas como eles, e nunca envelhecem.»
As correntes modernas do turismo já não vão atrás de propostas de aumento de colesterol e da tensão arterial. Preferem as belezas naturais e o ar puro da montanha... O comer e o dormir vêm por acréscimo.
A Entidade Regional de Turismo do Douro parece ter ouvido os comentários feitos na Universidade Nova de Lisboa, inclusive, os das duas Professoras da UTAD que se deslocaram propositadamente a Lisboa.
Soubemos agora, pelo jornal «A VOZ de TRÁS-OS-MONTES” de 29 de Novembro 2012, que o IPDT, vai promover as melhores quintas e miradouros do Douro. Segundo o presidente da Turismo DOURO, Dr. António Martinho «Esta brochura irá orientar o turista para conhecer os locais de excelência panorâmicos do Douro e ao mesmo tempo contactar com as quintas mais conhecidas da região»
Esperemos que os Autarcas do Alto Tâmega e Barroso sigam o exemplo da Entidade Regional do Douro e saibam traduzir, na prática, as vozes das paisagens da nossa Região: jornalistas e escritores de méritos reconhecidos. Não precisamos de grandes somas para colocar umas pedras nos principais miradouros, para evitar quedas dos visitantes. Não podemos pensar em luxuosas casas de banho, porque, infelizmente, com a selvajaria que anda por aí, destruirão tudo no próprio dia da inauguração. Basta uma coisa barata, forte e feia; a beleza está nas paisagens ao alcance do olhar.
Artur Monteiro do Couto