Que valem favos de abelha
Se lá dentro não há mel?
- Nas cartas que me escreveste
Só vejo tinta e papel....
Quadra premiada em Jogos Florais (António Cabral)
A festa do mel, fabricado com a sabedoria inteligente
das "abelhas" é universal.
A sua fama de benfeitorias não tem fronteiras e continua a unir gerações. As "abelhas-mestras" estabelecem a sua ordem de trabalhos e nenhuma das suas súbditas faz qualquer greve ou reivindicações. Por isso é que as colmeias são apontadas como a sociedade modelo. Os objectivos da comunidade são os mesmos, habite ela no tronco das árvores, no humilde e histórico cortiço ou nas mais sofisticadas e modernas instalações que vão evoluindo com os tempos.
As flores estão na origem da preciosidade;
sejam elas provenientes de um manto vegetal onde predominem as urzes lá para as bandas do Barroso ou de laranjeira no Algarve e de múltiplas nascidas e cultivadas por esse mundo fora, ajustando-se as obreiras à biodiversidade da qualidade.
Portugal é rico no valioso produto e as diferentes regiões do país festejam essa mais-valia e rendem homenagem ao trabalho dos Homens vestidos de branco e de rostos cobertos de rendas,(redes) que aliam o seu trabalho ao das diligentes "abelhas", que operam desde a fronteira de Chaves, Montalegre, Vinhais, calcorreando montes e vales de Vila Pouca de Aguiar até aos laranjais do Algarve, transpondo as diferentes características florais para um produto fabricado a partir da beleza e do perfume que atrai e encanta todos os que o utilizam, em dias de festa para purificar as vozes, ou o consomem como fonte de vida. As cores do mel variam segundo as características das flores; mas a riqueza, embora variada, está presente em todas as espécies.
Da sobremesa de hoje faz parte o mel de Sapiãos, cultivado a partir do manto floral da Atalaia. Quer ter uma vida longa e saudável, utilize o mel puro.
Artur Monteiro do Couto