PRESIDENTE DO LUSITANIA BANK dos ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA
( NA SALA DE INFORMÁTICA da BIBLIOTECA DE BOTICAS EM AGOSTO 2009)
Por entre serranias deslizam as águas das chuvas e das nascentes com velocidades ultra-rápidas, variando conforme os declives dos leitos e a intensidade das águas pluviais.
A energia hídrica assim produzida foi aproveitada pelos montanheses que tinham necessidade de transformar os cereais em farinha para se alimentarem a si próprios, aos vizinhos e aos animais.
Assim nasceram os moinhos movidos a água na era pré-industrial, e ainda hoje encontramos muitos deles recuperados e bem conservados, em locais bucólicos onde o som estridente do rodízio e das mós se mistura com o cantar das águas que vão deslizando ribeiro abaixo entre montes e vales em direcção ao Atlântico. Conservamos na memória esta vivência idílica da juventude junto desses verdadeiros testemunhos da inteligência e da criatividade dos ilustres cidadãos anónimos que contribuíram decisivamente para serem copiados pela engenharia moderna.
Hoje, todavia, não é de moinhos de vento, de água ou de marés que queremos falar. Queremos, sim, referir um jovem moleiro, filho de moleiro, que aos 18 anos, com o exame da antiga quarta classe feito na escola primária local, mais a frequência lá na terra de um curso de formação agrícola e a leitura de alguns livros da biblioteca itinerante da Fundação Gulbenkian, trocou a alvura da farinha e do burro, seu parceiro de viagens, pelo sonho de conhecer novos mundos e alterar o seu “modus vivendi”, onde o burro fosse substituído pelo automóvel e a maquia dos clientes pelos dólares.
Efectivamente, o sonho comandou-lhe a vida. No outro lado do Atlântico, em NEWARK, trabalhou, estudou, e manteve o espírito de solidariedade transmontana. Com uns amigos seus comprovincianos, fundou uma Mútua para apoiarem os mais carenciados. E este espírito de solidariedade foi altamente recompensado. Sem o saberem, estavam a lançar as bases de um Banco, que obtido o Alvará, baptizaram com um nome bem português: “ LUSITANIA SAVINGS BANK fbs “. E deste modo, o jovem iniciado na molinagem (moinhos), graças à sua capacidade de trabalho e inteligência passou de “ Moleiro”em perspectiva, para “Banqueiro”, sendo o seu Banco, e o dos seus associados, Senhor de um estatuto igual ao dos maiores Bancos portugueses. E o rapaz, Augusto Gomes, que deixou Boticas aos dezoito anos é o seu Presidente, sempre escolhido pelos seus pares para o exercício dessas funções.
Ao falarmos deste caso, queremos que ele sirva de exemplo para os nossos jovens se não deixarem abater por situações que parecem conduzir ao insucesso. «Querer é poder» quando verdadeiramente se quer uma vida melhor construída com trabalho realizado com inteligência, humildade, poupança e investimento nos projectos em que se acredita.
Querem tirar a prova dos nove ao que acabo de citar?
e verão que não estive aqui a vender gato por lebre.
Aos muitos milhares de jovens licenciados, que estão no desemprego, deixamos esta esperança de dias melhores.
Aos milhões de emigrantes portugueses que vivem e trabalham por esse mundo além, mandamos um abraço de estima, solidariedade e o desejo de que os seus sonhos sejam realizados.
Artur Monteiro do Couto