"O PRAZER E O TÉDIO"
Título do Romance de José Carlos Barros que deu origem ao filme com o mesmo nome.
À primeira vista, o título é difícil de compreender pelas populações rurais embora o cerne da questão lhes diga respeito pelas contradições que ainda hoje os afectam na sua vivência natural e que o autor, um poeta e um escritor de excelência, traduza prazeres e angústias em conflito permanente, que ele bem conheceu nas suas origens barrosãs, onde as carências de toda a ordem lhe ajudaram a plasmar o espírito de solidariedade porque, no meio da desgraça, podemos considerá-lo um privilegiado que se licenciou em arquitectura paisagista, numa época em que se davam os primeiros passos para fugir ao analfabetismo.
O vocábulo “tédio”, com o significado próprio de (aborrecimento, angústia, desgosto, enfado), ainda hoje não faz parte do vocabulário de noventa e nove por cento dos inspiradores do romance, embora sintam tudo isso no corpo e na alma; os de ontem e os de hoje.
Em «A VOZ de CHAVES datada de 2012-08-03», lemos:
« livro e filme contam histórias de amor e desamor num mundo que parece caminhar inexoravelmente para o colapso, para a ruína: o mundo rural.»
- Em artigos publicados neste “belezaserrana...”, temos seguido a mesma tese ao longo dos anos e dito e redito que as “Terras do Barroso” caminham a passos largos para a ruína total.
Tudo está a desaparecer envolvido pelos saudosos prazeres e o horrível tédio gerado pela saudade de momentos e sonhos felizes que se ouviram contar aos ouvidos da nossa infância.
Felicitamos todos os que intervieram no filme, estreado ao ar livre, em Boticas, na noite amena de três de Agosto 2012. Os espectadores acorreram em elevado número. Viram e gostaram. Vai ter honras de grandes salas nas cidades do país e no estrangeiro. Os autores,actores, e apoiantes da realização, todos “prata da casa“, e que suportaram pessoalmente todos os custos,com apoios mínimos de voluntários, receberam os aplausos dos seus vizinhos e amigos que ficaram encantados e orgulhosos com o resultado da união de vontades e de competências que fazem as grandes obras e que abraçam as causas dos desprotegidos, favorecendo situações onde os prazeres suplantem os momentos de tédio, de angústias e desilusões.
« Foi um fantástico acontecimento social»- assim escreveu o jornalista de “A VOZ de CHAVES” – o melhor jornal do Alto Tâmega e Barroso. Subscrevemos a afirmação e felicitamos todos os intervenientes nesta aventura de produzir e realizar um filme de “longa metragem” sem vir fazer manifestações a Lisboa, à porta da Secretaria de Estado da Cultura, também da responsabilidade de outro flaviense, o escritor Francisco José Viegas. Dá-nos a impressão que nascemos para viver à nossa custa e que até no pedir continuamos com o espírito de pobreza, talvez porque as desilusões abundem e prefiramos ser pobres mas honestos; ...à transmontana.
O filme « O PRAZER E O TÉDIO» deu início ao seu percurso de sucesso. Assim o desejamos.
A próxima exibição vai ser no dia 14 de Agosto, em Montalegre - a capital do Barroso.
Parabéns ao José Carlos Barros, ao André Graça Gomes e ao Filipe Alves – todos doutores, de méritos comprovados.
Artur Monteiro do Couto